Por que os olhos ficam vermelhos
em algumas fotografias?
Em fotos tiradas com câmeras fotográficas antigas, por vezes as pessoas aparecem com os olhos vermelhos. Isso ocorre porque a luz do flash da câmera incide diretamente no globo ocular, sendo refletida por uma região repleta de vasos sanguíneos.
Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 14 jun. 2017 (adaptado).
Esse efeito é mais comum à noite ou em lugares pouco iluminados porque, com a pupila
A) dilatada, chega mais luz à retina.
B) retraída, chega mais luz vermelha à retina.
C) retraída, chega mais luz vermelha aos bastonetes.
D) retraída, chegam menos luzes azul e verde aos cones.
E) dilatada, chegam menos luzes azul e verde aos bastonetes.
✍ Resolução Em Texto
Matérias Necessárias para a Solução da Questão
- Biologia (Anatomia e Fisiologia do Olho Humano, Reflexo Pupilar)
- Física (Óptica, Reflexão da Luz)
Tema/Objetivo Geral:
A questão busca a explicação fisiológica para o fenômeno do “olho vermelho” em fotografias, relacionando a incidência da luz do flash com o estado da pupila em ambientes de baixa luminosidade.
Nível da Questão: Médio
- A questão é considerada de nível médio. Embora a ideia de que a pupila dilata no escuro seja relativamente comum, a resolução exige conectar esse fato a um segundo conceito: que essa dilatação aumenta a entrada de luz e expõe a retina vascularizada.
Gabarito: A
- Esta alternativa está correta pois, em ambientes escuros, a pupila se dilata (aumenta seu diâmetro) como um reflexo para maximizar a captação de luz. Essa grande abertura permite que a luz intensa do flash penetre profundamente no olho e seja refletida pelos vasos sanguíneos da retina, causando o efeito vermelho.
PASSO 1 – O QUE A QUESTÃO QUER? (O MAPA DA MINA)
Decodificação do Objetivo:
A missão é conectar três pontos: 1) o ambiente (escuro), 2) a reação do olho (o que a pupila faz) e 3) a consequência física (por que a foto sai com olho vermelho). Precisamos explicar por que a escuridão é a condição ideal para esse efeito fotográfico indesejado.
Simplificação Radical (A Analogia Central):
Pense na pupila como a porta de entrada de uma casa e na retina como o cômodo dos fundos, que é cheio de canos de água vermelhos (os vasos sanguíneos). Durante o dia (muita luz), a porta fica quase fechada, só com uma frestinha, para controlar a entrada de gente. Se você jogar uma lanterna potente (o flash) nessa fresta, a luz vai bater na parede da frente e voltar, sem mostrar muito do interior. À noite (pouca luz), a porta da casa fica escancarada para tentar pegar qualquer luzinha que venha da rua. Se, nesse momento, você jogar a mesma lanterna potente, a luz vai passar direto pela porta, iluminar todo o cômodo dos fundos e refletir a cor dos canos vermelhos. A questão é: por que o flash revela os “canos vermelhos” principalmente à noite?
Plano de Ataque (O Roteiro da Investigação):
Nossa investigação seguirá uma cadeia de causa e efeito:
- Causa Inicial: Analisar a condição ambiental descrita (noite/lugar pouco iluminado).
- Reação Biológica: Determinar como a pupila reage a essa condição (dilata ou contrai?).
- Evento Externo: Considerar o efeito da luz súbita e intensa do flash sobre a pupila nesse estado.
- Consequência Óptica: Explicar como a combinação da reação biológica e do evento externo gera a reflexão vermelha.
PASSO 2 – DESVENDANDO AS FERRAMENTAS (A CAIXA DE FERRAMENTAS)
Para decifrar este enigma, nossa principal ferramenta é o Reflexo Pupilar, um mecanismo involuntário que controla a quantidade de luz que entra no olho.
Dossiê de Investigação: O Comportamento da Pupila
| Condição Ambiental | Muita Luz (Dia, Ambiente Claro) | Pouca Luz (Noite, Ambiente Escuro) |
| Problema a Resolver | Proteger a retina do excesso de luz, que pode danificar as células fotorreceptoras e causar ofuscamento. | Maximizar a captação de fótons para permitir a visão em condições de baixa luminosidade. |
| Ação da Íris | A musculatura circular da íris se contrai. | A musculatura radial da íris se contrai. |
| Estado da Pupila | Miose (Retraída/Contraída). O diâmetro diminui. | Midríase (Dilatada). O diâmetro aumenta. |
| Consequência | Menos luz entra no olho. O “diafragma” da câmera se fecha. | Mais luz entra no olho. O “diafragma” da câmera se abre ao máximo. |
O texto nos coloca no cenário da direita: “à noite ou em lugares pouco iluminados”. Portanto, a pupila estará dilatada.
PASSO 3 – INTERPRETAÇÃO GUIADA (MÃO NA MASSA)
Vamos seguir nossa cadeia causal:
- Causa Inicial: Estamos em um ambiente escuro.
- Reação Biológica: Com base em nosso dossiê, o sistema nervoso autônomo comanda a íris para dilatar a pupila ao máximo, abrindo um grande “portal” para a entrada de luz.
- Evento Externo: A câmera dispara um flash. O flash é extremamente rápido e intenso. O reflexo de contração da pupila é mais lento que a duração do flash.
- Consequência Óptica: A luz do flash passa por essa pupila totalmente aberta, viaja através do globo ocular e atinge a retina no fundo do olho. A retina é ricamente vascularizada pela coroide. A hemoglobina nos vasos sanguíneos absorve a maior parte das cores, mas reflete fortemente a luz vermelha. Essa luz vermelha refletida faz o caminho de volta, saindo pela mesma pupila dilatada, e é capturada pela lente da câmera.
🚨 ARMADILHA CLÁSSICA! 🚨
A armadilha aqui é a confusão de termos ou a inversão de lógica. O erro mais comum é pensar que no escuro a pupila se “retrai” ou “fecha” para “se proteger”, o que é o exato oposto do que acontece. A pupila se fecha para se proteger da luz, não da escuridão.
A Bússola (O Perfil do Culpado):
- Síntese do raciocínio: O efeito vermelho é causado pela reflexão da luz do flash nos vasos sanguíneos da retina. Esse fenômeno é maximizado quando a pupila está dilatada, pois isso permite que uma maior quantidade de luz entre e saia do olho. A dilatação da pupila é a resposta fisiológica a ambientes com pouca luz.
- Expectativa: A alternativa correta deve associar o estado de dilatação da pupila com um aumento na quantidade de luz que atinge o fundo do olho.
PASSO 4 – ALTERNATIVAS COMENTADAS (A AUTÓPSIA)
- A) dilatada, chega mais luz à retina.
- Análise de Correspondência: Esta alternativa descreve perfeitamente a cadeia de eventos. No escuro, a pupila está dilatada. Essa dilatação tem como função permitir que chegue mais luz à retina. É exatamente essa combinação que permite que o flash ilumine o fundo do olho e cause o reflexo vermelho. A correspondência com a nossa Bússola é total.
- Conclusão: ✔️ Alternativa correta.
- B) retraída, chega mais luz vermelha à retina.
- O “Diagnóstico do Erro”: Contradição Fisiológica e Reducionismo. Primeiro, em ambientes escuros a pupila está dilatada, não retraída. Segundo, uma pupila retraída (pequena) permitiria a entrada de menos luz no geral, não mais luz vermelha.
- Conclusão: ❌ Alternativa incorreta.
- C) retraída, chega mais luz vermelha aos bastonetes.
- O “Diagnóstico do Erro”: Múltiplas Contradições. Novamente, a pupila está dilatada. Além disso, embora os bastonetes sejam as células responsáveis pela visão noturna, eles não detectam cores. A luz vermelha é detectada pelos cones. A afirmação é incorreta em sua premissa (pupila retraída) e em sua consequência (luz vermelha aos bastonetes).
- Conclusão: ❌ Alternativa incorreta.
- D) retraída, chegam menos luzes azul e verde aos cones.
- O “Diagnóstico do Erro”: Contradição Fisiológica e Fuga ao Tema. A pupila está dilatada, não retraída. E embora a reflexão seja predominantemente vermelha, o foco da questão não é sobre quais cores não chegam, mas sim sobre a condição que permite o fenômeno acontecer (a grande abertura da pupila).
- Conclusão: ❌ Alternativa incorreta.
- E) dilatada, chegam menos luzes azul e verde aos bastonetes.
- O “Diagnóstico do Erro”: Falsa Correlação. Esta é a distratora mais perigosa. A primeira parte está correta: a pupila está dilatada. A segunda parte, porém, cria uma lógica confusa e irrelevante. O problema não é sobre quais cores chegam menos aos bastonetes (que nem veem cores). O fator causal é o aumento geral da entrada de luz, que permite a iluminação da retina. A alternativa foca em um detalhe secundário e impreciso para desviar o raciocínio da causa principal.
- Conclusão: ❌ Alternativa incorreta.
PASSO 5 – O GRAND FINALE (APRENDIZAGEM EXPANDIDA)
- Frase de Fechamento: A resposta correta é dilatada, chega mais luz à retina, pois a adaptação do olho à escuridão (midríase) cria a abertura perfeita para que a luz intensa do flash ilumine os vasos sanguíneos do fundo do olho, gerando o icônico reflexo vermelho.
- Resumo-flash (A Imagem Mental): Olho vermelho na foto: a porta do olho estava aberta demais para a luz súbita do flash.
- 🧠 Para ir Além (A Ponte para o Futuro): A tecnologia para evitar o “olho vermelho” em câmeras digitais é uma aplicação direta dessa biologia. O sistema de “pré-flash” dispara um ou mais flashes de baixa intensidade antes do flash principal que ilumina a foto. Esses pré-flashes fornecem luz suficiente para acionar o reflexo pupilar, fazendo a pupila se contrair (miose). Quando o flash principal finalmente dispara, a “porta” do olho já está menor, e muito menos luz consegue atingir a retina e voltar. Isso conecta a fisiologia do reflexo nervoso à engenharia de software em câmeras digitais.
